Diz-se, há décadas, que o Brasil é o país do futuro. Mas esse futuro nunca chega — talvez porque insistimos em negligenciar o único caminho que, comprovadamente, leva ao desenvolvimento: a educação.
Como aconteceu com os países desenvolvidos
Todos os países desenvolvidos focaram na educação. A Alemanha é um exemplo clássico. Após ser derrotada pela França, ainda no período da Prússia, uma das conclusões foi de que seus soldados haviam fracassado por não seguirem ordens com rigor.
A resposta a essa constatação não foi apenas militar, mas educacional. Reformaram o sistema de ensino onde uma minoria da população recebeu uma formação de excelência, voltada à formação de líderes, cientistas e pensadores, enquanto o restante foi preparado para reconstruir e fazer o país funcionar — com qualificação técnica, disciplina e foco industrial.
O resultado é conhecido: a Alemanha protagonizou duas guerras mundiais e mesmo assim é referência em setores como química, engenharia, mecânica e tecnologia. O modelo alemão inspirou outros países, como os Estados Unidos e o Reino Unido, que também adotaram, ainda ao longo do século XIX, sistemas educacionais com objetivos nacionais claros.
E o Brasil?
No Brasil, o debate sobre o propósito da educação ganhou força sobretudo com críticas de pensadores como Paulo Freire, que denunciou o chamado “ensino bancarizado” — um modelo que forma apenas mão de obra para o mercado, sem desenvolver o pensamento crítico ou a cidadania. E, de fato, essa crítica tem fundamento. Nosso sistema de ensino falha ao formar cidadãos. E um país sem cidadãos plenos, conscientes e participativos, está fadado à estagnação.
Contudo, é preciso ir além da crítica. É necessário reconhecer que a educação precisa, sim, ter um propósito nacional. A formação do indivíduo não pode estar dissociada do projeto de país que queremos construir. Aqui surge um dos nossos grandes dilemas: qual é, afinal, o nosso projeto de nação? Que tipo de sociedade pretendemos edificar?
Planejando a educação
Planejamento educacional estratégico requer visão de longo prazo — algo raro por aqui. Requer investimento sério, contínuo e bem direcionado — algo ainda mais raro. E, principalmente, exige vontade política. Não se faz revolução educacional com discursos vazios e cortes orçamentários.
Novo desafio
Mas, como se não bastassem nossos problemas crônicos, há um novo desafio no horizonte: o avanço acelerado das tecnologias, em especial da inteligência artificial. As nações mais avançadas já enfrentam o dilema: como formar pessoas que não sejam substituíveis pelas máquinas? Como preparar cidadãos para um mundo em que o conhecimento técnico pode rapidamente tornar-se obsoleto?
Esse é o próximo salto civilizatório — e mais uma vez, o Brasil parece caminhar a passos lentos, quando não na direção contrária. Estamos atrasados, e podemos ficar ainda mais.
Educação de verdade
Educação é, sim, a saída. Mas é preciso tratar esse tema com a seriedade devida. Sem romantismo, sem ideologia vazia, sem improvisos. Só há um caminho para o Brasil deixar de ser o eterno país do futuro e se tornar, enfim, o país do presente: investir em educação de verdade…
…Mas pergunto: para você, o que é educação de verdade?
Emerson Souza Gomes
Advogado e blogueiro
www.cenajuridica.com.br