Profissionais versus “profissionais”

Profissionais versus “profissionais”

Por Emerson Souza Gomes

Não é estranho cliente aportar no escritório trazendo na ponta da língua o direito que entende ter sido violado, inclusive, sugerindo a medida judicial que julga razoável ser interposta. Este fenômeno é fruto da democratização da informação e da internet, por sinal, algo mui bem-vindo. Mas, convenhamos, informação não é conhecimento o que faz com que se tenha de ouvir por vezes um sem número de impropriedades…

…bobagens.

Advogados e cirurgiões

Para ficar claro, a operação jurídica se assemelha muito a operação cirúrgica sendo que, nesta última, pode-se extirpar ou não determinado órgão do corpo. Traduzindo: se valer apenas do google pode causar ablação ad eterno de um direito – e sem qualquer necessidade.

Mecânicos e youtuber’s

Tenho certeza de que a circunstância acima descrita é replicada em variadas atividades profissionais. Você que é um profissional, já deve ter passado por algo parecido. Por sinal, cito exemplo de um cliente que, sendo mecânico de automóveis e estando cansado de chegarem a sua oficina com o diagnóstico do reparo a ser feito, passou a oferecer a opção de tirar a ordem de serviço pelo o que o cliente assistiu no canal do youtube, ou pelo que ele – mecânico de longos anos – tem a obrigação de sugerir.

Dentifrício

Mas ninguém fica indene a esse “costume” de dar uma pesquisada nos sintomas e achar uma solução por conta própria na internet – nem mesmo advogados! – Não vai muito tempo, a lente da câmera do meu celular estava embaçada e apliquei pasta de dentifrício, pois um vídeo garantia que esta era a solução adequada. Bom, conto e ponto à parte, nem preciso dizer que tive de recorrer a um profissional e a uma lente nova.

Onde isso vai parar, não sei. Mas sei por onde está passando

O estelionato digital é observado aos montes na internet, refiro-me a “profissionais” que, por conta de um like ou de vender uma facilidade – tão fácil quanto inútil – posam à frente de câmeras, em vídeos otimamente empáticos, intitulando-se coach’s que, com respeito aos profissionais realmente hábeis na técnica, é uma expressão que, hoje em dia, pode ser confundida com palpiteiro.

Um sem número de bobagens

A experiência dá vazão à ciência, tanto quanto a troca de informações cria conhecimento. Independentemente da internet, em boa parte, vamos continuar a ser educados por nossos erros. Sim. Vamos passar pasta de dentifrício em lentes, desconfiar de mecânicos, consultar médicos em farmácias e falar, com alta propriedade de (des)conhecimento um sem número de impropriedades…

…bobagens!

Artigo originalmente publicado no jornal Folha Babitonga

Emerson Souza Gomes, advogado especialista em direito empresarial, sócio da Gomes Advogados Associados, email emerson@gomesadvogadosassociados.com.br, fone (47) 3444-1335
Emerson Souza Gomes, advogado especialista em direito empresarial, sócio da Gomes Advogados Associados, email emerson@gomesadvogadosassociados.com.br, fone (47) 3444-1335

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